Sábado, 10 de Março de 2007
Espada e as "surpresas americanas"
João Carlos Espada (sim, o do costume) continua, laboriosamente, semana após semana, a erigir o seu fabuloso monumento à parvoíce. No "Expresso" de hoje, canta animados hosanas aos EUA enquanto farol da liberdade, comercial e não só, para todo o mundo.
Ele declara-se maravilhado pela condenação de Lewis Libby: "em que outro país do mundo poderia o chefe de gabinete do vice-presidente ser julgado e condenado por perjúrio?"
E em que outro país seria uma pergunta destas publicada num semanário "de referência"? Primeiro, o homem não foi condenado apenas por perjúrio. Depois, e mais importante, Libby já tinha sido convenientemente corrido do cargo muito antes do julgamento, logo já não é chefe de coisa alguma. Por fim, lembro que até no amoral Portugal um ex-vice-rei de Macau foi condenado por corrupção... não era preciso atravessar o Atlântico para dar com antigos sátrapas às turras com a justiça.
Mas Espada nunca se importou grandemente com a realidade. Acolitado por três seus amigos ingleses (não posso jurar que não se trate de amigos imaginários) garante-nos que "Isto só seria igualmente possível em Inglaterra". Em terras americanas e no mundo real, bem possível é que tudo acabe dissolvido num perdão presidencial, segundo vários analistas.
Depois, vem mais uma arenga previsível sobre as maravilhas mil do comércio livre e sobre a distância que ainda separa a decrépita Europa da compreensão de tais milagres. Claro que os EUA estariam na vanguarda da disseminação destas liberdades. O que ele não explica é como um governo tão liberal tem estado tão empenhado em proteger os seus produtores de aço e agricultores. Só para ficarmos por dois exemplos célebres.
Alguém me explica como pode uma criatura com este callbre intelectual dar aulas seja a quem for?


publicado por Luis Rainha às 19:19
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