René Magritte — La Mémoire
Voltar a pegar em coisas que comecei a escrever há anos é sempre fonte de perplexidades. Sou interpelado a cada parágrafo por uma forma de ver e fazer que me parece intimamente familiar mas, ao mesmo tempo, terreno de oblíquas deformações, pequenas estranhezas. Há um subtil véu de alteridade a recobrir palavras e frases que julgava minhas mas que, afinal, são de autor já desaparecido; alguém que a minha memória só consegue invocar de forma desfocada e lacunar. Algures por aqui, piso uma fronteira entre a completação e o palimpsesto.