Sexta-feira, 16 de Fevereiro de 2007
O burro que escreve (mas mal)
Alberto Gonçalves, o mais público expoente da mediocridade inculta com tempo de antena, resolveu, de uma só penada, iluminar com a luz da arrogância todos os mistérios que ainda persistem em torno do aquecimento global:
"O curioso é que, ao contrário do Holocausto, o aquecimento global é uma mentira. Os peritos que não receiam pelos seus empregos ou, no futuro, a prisão, têm demonstrado com regularidade os delírios que os funcionários políticos do IPCC, os académicos e os ecologistas em geral produzem em troca de fundos e proeminência."
As certezas dos néscios são assim: absolutas, sapientes, inamovíveis. E mal escritas, ainda por cima: como se demonstrará um delírio?
De novo se vomita a habitual calúnia sobre todos os que nos têm vindo a alertar para a possibilidade de estarmos a dar cabo do clima. De novo se fala do que nem se pesquisou minimamente. Por exemplo, basta consultar esta página do IPCC para se perceber o sentido que faz aquela acusação de funcionarismo político.
Mas a necidade não pára: "Nos momentos de delicadeza, a esquerda manipula idiotas úteis (ver Gore, Al) e segue a alternativa ecológica: o aquecimento global, essa portentosa fraude, é a via “verde” e “despoluída” do antiamericanismo de sempre."

Como terá o homem chegado a essa conclusão da "fraude" e da "mentira"? Mistério absoluto. É que argumentos, para lá dos invisíveis "peritos que não receiam pelos seus empregos", não aparecem. O sábio de pacotilha nem uma só razão apresenta em favor das suas certezas. E nem deu por uma novidade: até o santo profeta Bush já admitiu que urge “confrontar o sério desafio da mudança de clima global”.
Quando houver um prémio para o colunista mais tonto de Portugal, já temos sério candidato.


publicado por Luis Rainha às 12:46
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