O ex-ministro Ernâni Lopes aproveitou um almoço na sede do PP para declarar ao mundo que "a economia portuguesa está a definhar". Solução? Preencher o nosso
"gap estratégico".Vá lá que escapámos ao "core business", ao "benchmarking" e ao "outsourcing". Mas a crença no poder mágico das buzzwords continua bem viva em Portugal, como na maioria das sociedades primitivas. Afinal, e se bem percebi a notícia, o orador quer apenas que nos viremos mais para o turismo e para o mar. Enormes novidades, portanto; ou deveria dizer novelties?
A banca ter culpa de algo? Ná...
João Salgueiro, presidente da Associação Portuguesa de Bancos, fez ontem ouvir a sua imparcial voz na
TSF. Dizia-nos o senhor que a banca pouco tem a ver com o excessivo endividamento familiar luso.
«Quem estimula ao consumo não é tanto a banca, que apenas explica em que condições pode emprestar. O estímulo à compra do automóvel, casa ou as viagens ao Brasil é feita pelas empresas que trabalham nesses sectores».
Passados dois ou tês minutos, passava um
spot do BPi a informar o ouvinte de que pode ter tudo o que quer — "cinema em casa", "um MBA", um "carro novo", etc. — desde que conte com os afectuosos serviços daquele banco. Só à laia de exemplo, mirem o que se vê logo de chofre na respectiva página da
web. Qualquer semelhança entre aquilo e uma feira de fancarias várias é pura coincidência. Estão no seu inteiro direito, claro. Mas poupem-nos à hipocrisia cobarde.